Sou piauiense de nascimento e brasiliense de coração. Amo Brasília como se aqui tivesse nascido e muito me orgulho da cidade que me fez crescer e conhecer tanta gente boa. Entretanto, este amor não foi a primeira vista. Cheguei em um domingo frio, era 15 de março de 1992 pra ser mais exato. De início a cidade me impressionou, tudo aquilo que eu via na televisão: o Eixo Monumental, a Esplanada, o Monumento JK, tudo agora fazia parte da minha rotina. Eu não era turista, seria uma moradora em modo permanente.
Mas ao mesmo tempo que me deslumbrava morria de saudade de Teresina, dos meus amigos, do meu cachorro, da minha casa, da vida que levava lá. tão diferente do mundo agitado e cheio de preocupações com o futuro que se apresentava. Achava a cidade e as pessoas frias e distantes e pouco interessadas em fazer amigos. Fato este que revelou um agradável engano. Graças a Deus!
Em meu período de adaptação, ouvia minhas músicas e nenhuma delas me marcou mais do que Sampa naquele fase. Caetano canta suas impressões sobre São Paulo. Se eu já gostava da música, aqui em Brasília, eu pude entender cada pedacinho do que ele falava. Nordestino no "SUL", o frio que fazia na cidade, o novo, as curvas (ou a ausencia delas) das construções, as pessoas que passavam apressadas e que para mim só pensavam em trabalhar, me fizeram muitas vezes chorar de saudade da minha terrinha.
Quando ele falava:
E foste um difícil começo
Afasta o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te realidade
Meu coração ficava pequenhinho e eu dizia mentalmente: podemos ficar sócios Caê, sei exatamente como você se sente, pois a sua dor é a minha dor. Mas ao mesmo tempo, me davam esperança de que se Caetano foi, viu e venceu, eu com certeza também conseguiria.
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