O artista no
geral é um ser cheio de dores, alegrias e sua cabeça fervilha. E no geral também
precisa de um catalisador para que tanto suas idéias como seu talento apareça. Cadillac
Records é um filme que conta a história de um homem que foi esse catalisador
para muitos artistas negros na América dos anos cinqüenta: Leonard Chess.
Lenny, como
era conhecido, era polonês e tinha uma boate o Macomba, no meio do bairro negro
de Chicago; acolhia músicos de blues e várias vertentes, mas seu sonho mesmo
era abrir uma gravadora. Conseguiu em 1950 ao inaugurar a Chess Records e por
suas portas passaram artistas que fizeram histórias e lendas do blues americano
e engatinhavam no que seria o nosso bom e velho rock and roll.
O filme conta
a historias de várias dessas lendas: Muddy Waters, Little Walter, Howlin’ Wolf,
Chuck Berry e Etta James, entre outros. Entre sucessos, gravações, cigarros,
mulheres a rodo e maluquices Cadillac Records faz uma linha do tempo e mostra
como era um artista negro fazer sucesso, suas dores, maluquices, desejos e vida
atrás dos bastidores. Lenny era pragmático o suficiente pra saber que aquela música
desprezada pelos brancos tinha tudo pra estourar e gente ávida para consumir. Acredito
que ele foi um dos primeiros produtores musicais a fazer uso do jabá, sem culpa
nenhuma. A cena em questão é hilária: mostra a indignação de sua sócia e a cara
assustada do Muddy. Não precisa dizer que ele perdeu a sócia nesse mesmo dia,
mas a música de Muddy tocou e foi parar na parada da Bilboard.
É bacana, mas
ao mesmo tempo triste ver como talentos surgiam e se perdiam para drogas, álcool,
mulheres e jogo. Uma cena é pontual nisso: quando Lenny fala para Etta James,
sobre cantar e viver o blues. Duas coisas bem diferentes. E mostra para ela a
diferença de posturas dos cantores que viviam conforme essa crença. Etta, além
de cantar vivia todas as dores do blues na própria carne.
E há Chuck Berry,
um cantor super talentoso que não comia em lanchonetes de brancos, não dormia
em hotéis de brancos, não bebia, não fumava, e foi um dos artistas que por onde
se apresentava a segregação deixava de existir, pelo menos enquanto ele estava
no palco. Chuck adorava menininhas, de preferência brancas, esse era seu “vício”.
Por causa disso amargou cinco anos de cadeia. No filme, pelo pouco que se vê,
Chuck merecia uma produção só dele.
Como tudo que é
bom, a festa não dura para sempre e chega uma hora que é preciso acender a luz
e ir para casa. O final é quase melancólico, mas Cadillac Records é um filme
imperdível para quem quer conhecer um pouquinho da grande influencia do blues e
de seus percussores.
Não quer assistir
ao filme? Ouça a trilha sonora, vale muito à pena!!
Baixar trilha sonora:
P.S. Descubram o porque de Cadillac Records. rsrsrsr